Deputado Ronaldo Nogueira (Crédito: Mário Agra, Câmara dos Deutados)
O parlamentar falou da polarização ente Lula e Bolsonaro e dos pré-candidatos ao Palácio do Planalto
Em entrevista ao portal Repórter Brasília, o deputado federal Ronaldo Nogueira (Republicanos-RS) defendeu a redução da jornada de trabalho no Brasil de 44 para 40 horas semanais, argumentando que esse modelo já é adotado por países desenvolvidos com ganhos em produtividade e bem-estar. O parlamentar destacou que há apoio suficiente no Congresso Nacional para aprovação da medida.
Outro ponto central foi a inteligência artificial (IA), considerada por Nogueira como um avanço inevitável, porém repleto de desafios, como a substituição da força de trabalho humana e o risco de dependência cognitiva. Ele elogiou o Estado de Goiás, que saiu na frente ao aprovar legislação pioneira sobre IA e formação técnica na área.
No campo político, o deputado reconheceu a liderança polarizada entre Lula e Bolsonaro, ainda que o ex-presidente esteja juridicamente inelegível. Nogueira citou outras figuras em ascensão, como Ronaldo Caiado, Eduardo Leite e Tarcísio de Freitas, e afirmou que o cenário eleitoral só ficará mais claro no fim do ano. Por fim, criticou o governo Lula por falta de planejamento, apesar de não ver risco de governabilidade.
Jornada de trabalho: “Hora de avançar para 40 horas semanais”
O deputado Ronaldo Nogueira afirmou que o Brasil está diante do momento ideal para reduzir a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. Para ele, os modelos já adotados em países desenvolvidos demonstram que a mudança traz ganhos significativos na produtividade, diretamente ligados ao bem-estar do trabalhador.
“A jornada de trabalho de 40 horas semanais é adotada na maioria dos países desenvolvidos e estudos comprovaram inclusive um aumento de produtividade. O Brasil ainda mantém o modelo de 44 horas, mas isso é fruto de outra época, com meios de produção bem diferentes. A tecnologia avançou, aumentou a produção e é hora de ajustarmos nossa legislação”, argumentou.
Nogueira afirmou que, hoje, já existe apoio político suficiente para aprovar a proposta.
“Conversando com os deputados, vejo que não é a grande maioria, mas uma maioria suficiente já existe tanto na Câmara quanto no Senado para aprovar a jornada de 40 horas.”
Inteligência Artificial: “Desafio é evitar a ociosidade do pensamento”
Ao comentar o avanço da inteligência artificial, Ronaldo Nogueira reconheceu seu potencial transformador, mas alertou para os riscos que ela representa. “Não há como frear o avanço tecnológico. Tentar fazer isso por meio de legislação seria condenar o país a ficar para trás no cenário global.”
O parlamentar destacou o perigo de uma dependência excessiva da IA, que pode afetar a capacidade de reflexão e a geração de empregos.
“Um dos riscos é a criação de uma geração totalmente dependente da IA, inclusive intelectualmente. Outro ponto é o risco real de substituição da mão de obra humana. Já temos um contingente grande de pessoas fora do mercado de trabalho que dependem de políticas públicas.”
Nogueira elogiou o Estado de Goiás, que, segundo ele, está na vanguarda do debate com legislações já em vigor e políticas de capacitação.
“O governador Ronaldo Caiado tem sido protagonista de ações importantes nessa área. Goiás já formou sua primeira turma voltada para IA. É uma iniciativa que coloca o estado à frente.”
Ele alertou ainda para a urgência de universidades, governos e cidadãos acompanharem essa evolução para não serem atropelados pelas mudanças.
Polarização política e avaliação do governo: “Problemas internos sabotam o próprio governo”
Na reta inicial da corrida presidencial de 2026, o deputado Ronaldo Nogueira comentou o cenário de polarização e a viabilidade dos principais nomes. Para ele, Lula e Bolsonaro ainda representam as principais forças da esquerda e da direita, respectivamente, embora o ex-presidente enfrente impedimentos jurídicos.
“Temos duas lideranças incontestáveis no Brasil: Lula à esquerda e Bolsonaro à direita. No entanto, há outros nomes que surgem à margem, como Ronaldo Caiado, Tarcísio de Freitas, Ratinho Júnior e Eduardo Leite. Este último, inclusive, já se apresenta como pré-candidato.”
Nogueira destacou que Bolsonaro mantém o desejo de disputar novamente a Presidência, mas aposta num “milagre jurídico” para viabilizar sua candidatura.
“Ele acredita na reversão da inelegibilidade. Só o tempo dirá. Até o final do ano, teremos um cenário mais claro.”
Sobre a atual istração, o deputado afirmou que o governo Lula enfrenta dificuldades não por conta da oposição, mas por problemas internos de organização e planejamento.
“Não vejo risco de governabilidade. Muitos partidos colaboram com o governo. A oposição atua, mas não tem força para impedir a máquina de funcionar. O problema maior está dentro do próprio governo.”
Nogueira criticou especialmente o lançamento de diversos programas sociais sem planejamento financeiro adequado.
“Na área da juventude, por exemplo, o presidente lançou 17 programas. Mas cadê os meios de sustentabilidade? Falta um plano claro. Parece que o governo esquece que o mandato é de quatro anos.”
Liberdade de imprensa: Brasil sobe em ranking, mas cenário ainda é crítico
O Brasil subiu algumas posições no ranking internacional da liberdade de imprensa divulgado no mês de maio ultimo, ocupando agora o 64º lugar. Embora o avanço tenha sido comemorado, entidades como a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) alertam que ainda há um longo caminho a percorrer. Profissionais da imprensa seguem enfrentando perseguições, especialmente fora dos grandes centros urbanos, onde jornalistas são assassinados e sofrem com pressões econômicas que inviabilizam seu trabalho.
Para o deputado Ronaldo Nogueira (Republicanos/RS), a liberdade de imprensa é um dos pilares fundamentais de qualquer nação democrática.
— Uma nação só é justa e desenvolvida quando garante a seus cidadãos liberdade de fé, de ir e vir, de pensamento e, sobretudo, de expressão. Uma imprensa livre é o termômetro da saúde democrática de um país, defendeu o parlamentar.
Alerta das entidades e o papel do Congresso
Nogueira reconhece o papel ativo de entidades como a ANJ e a ABERT, que segundo ele, atuam com firmeza na defesa da liberdade de imprensa. No entanto, cobra uma postura mais firme e vigilante de todas as instituições do Estado brasileiro.
— As entidades de classe precisam manter presença constante, cobrando o Congresso Nacional e denunciando abusos. Mas não só elas: Ministério Público, Procuradoria-Geral da República, OAB, todos devem se unir — mesmo com diferenças ideológicas — em torno do propósito comum de garantir o direito à livre manifestação.
Liberdade não é licença para mentir
Apesar da defesa enfática à liberdade de expressão, o deputado faz uma ressalva: não se pode ser tolerante com o uso distorcido desse direito.
— Defender a verdade é um dever ético e moral. Liberdade de expressão não pode ser confundida com licença para caluniar, injuriar ou espalhar fake news. Nada pode contra a verdade, senão a própria verdade. A irresponsabilidade não pode ter espaço nem ser protegida em nome da liberdade.
União institucional para garantir a democracia
Nogueira finaliza com um apelo por uma ação mais enérgica e conjunta dos poderes e instituições republicanas.
— O Brasil precisa de instituições que atuem com coragem e coerência. A liberdade de imprensa só estará plenamente assegurada quando o país for intolerante com a injustiça e com a mentira, e absolutamente comprometido com a verdade e com a democracia.
Portal Reporter Brasília, Edgar Lisboa