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A Força do Jornalismo Latino-Americano na Era Digital: Um Compromisso com a Verdade 244n3j

Por Edgar Lisboa

Ganhadores dos prêmios de mídia digital, no Congresso Mundial de Jornais (Crédito: Sobczynski Film)

O jornalismo na América Latina, especialmente em países como Brasil, Argentina, Chile e Colômbia, vive um momento de reconhecimento global. No recente Encontro Mundial de Jornais, realizado em Cracóvia, na Polônia, foi ressaltada a ampla capacidade de inovação da imprensa latino-americana. O Brasil, em particular, tem se destacado como um importante fornecedor de conteúdo sério e confiável para múltiplas plataformas digitais, demonstrando que os jornais tradicionais seguem sendo pilares fundamentais na construção de uma sociedade bem informada.

Marcelo Rech, Presidente-Executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ)

A presença do Presidente-Executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), jornalista Marcelo Rech, na liderança da delegação brasileira no evento, reforçou a visão de que a imprensa latino-americana, longe de estar em crise, vem se adaptando com criatividade e responsabilidade às novas demandas tecnológicas e sociais. Em tempos marcados pela avalanche de desinformação e “fake News”, os jornais sérios ganham ainda mais importância como fontes confiáveis, oferecendo apuração rigorosa e compromisso com a verdade.

Busca da Verdade

Essa busca pela verdade ganha ainda mais relevância diante das palavras do novo Papa Leão XIV, que se posiciona como um firme defensor da liberdade de imprensa. Em seu pronunciamento, o pontífice destacou que a imprensa não deve ser instrumento de polarização ou guerra de narrativas, mas sim uma atividade comprometida com a realidade. Sua visão fortalece o papel ético do jornalismo e o valor da informação verificada, equilibrada e sem distorções.

Jornalismo sério

Ilustração, Edgar Lisboa, com recursos de IA

Exemplos práticos não faltam para comprovar a relevância do jornalismo sério no Brasil. As recentes denúncias sobre o desvio de recursos de aposentados e pensionistas do INSS vieram à tona graças ao trabalho investigativo da imprensa, em colaboração com o Congresso Nacional e os órgãos de controle. Graças à repercussão gerada pelos jornais, autoridades foram pressionadas a agir, culminando em prisões e investigações conduzidas pela Polícia Federal. Casos como esse revelam que o jornalismo não apenas informa, mas também promove justiça social e fortalece a democracia.

Fonte de conteúdo

Ao mesmo tempo, os jornais brasileiros têm atuado como fontes primárias de conteúdo para diversas mídias — rádio, TV, redes sociais e plataformas digitais. O conteúdo produzido pelos grandes veículos impressos é constantemente republicado, adaptado e referenciado por outras mídias, o que mostra que, mesmo diante da transformação do consumo de notícias, os jornais permanecem como núcleos geradores de informação qualificada.

Décadas de trabalho ético

A credibilidade não se constrói da noite para o dia. É fruto de décadas de trabalho ético, de denúncias responsáveis, de enfrentamento ao poder quando necessário e da defesa incondicional do interesse público. A força dos jornais brasileiros — e de seus pares latino-americanos — reside justamente nesse compromisso histórico com a verdade e com o direito da população de saber o que realmente acontece.

Responsabilidade editorial

Portanto, reconhecer e valorizar o papel dos jornais é essencial. Em uma época em que qualquer um pode produzir e disseminar informações, a diferença entre ruído e notícia está na responsabilidade editorial, na checagem dos fatos e na coragem de publicar o que é necessário, ainda que desconfortável. E é exatamente isso que o jornalismo latino-americano vem fazendo com vigor, sendo cada vez mais uma referência global em liberdade de imprensa e inovação informativa.

Importância das mulheres no jornalismo

Imprensa ucraniana independente sendo premiada

Em conversa com a coluna Repórter Brasília, o presidente-executivo da ANJ, jornalista Marcelo Rech, destacou também a importância das mulheres, no jornalismo hoje. Falou da emoção dos presentes no Encontro Mundial de Jornais quando dirigentes da Associação de Jornais da Ucrânia subiram ao palco e mais 25 mulheres foram homenageadas. Os maridos, namorados, irmãos, estão na linha de frente.  Então as mulheres fazem o papel da atividade jornalística hoje central, majoritariamente quase que só mulheres”.

Ameaças e intimidações

Índice Mundial de Liberdade de Imprensa da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) 2025: fragilidade econômica é uma das principais ameaças à liberdade de imprensa. Embora os ataques físicos contra jornalistas sejam as violações mais visíveis da liberdade de imprensa, a pressão econômica também é um problema grave e mais insidioso. O indicador econômico do Índice Mundial de Liberdade de Imprensa da RSF atingiu um nível crítico e sem precedentes, com seu declínio continuando em 2025

Situação da Liberdade de Imprensa no Mundo

No levantamento feito em 176 países pelo RSF, o Brasil fica em 64º lugar, os Estados Unidos em 57º e o Irã em 176º. E Os primeiros 10 colocados estão: Noruega, Estônia, Holanda, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Irlanda, Portugal, Suiça e República Theca.

Ataques a Jornais e Jornalistas

Questionado sobre as ameaças e intimidações de Donald Trump e de governos contra o jornalismo, como também da Nicarágua, do Irã, da Rússia, da Turquia, da Hungria, todas essas manifestações anti-jornalismo, além de Javier Milei na Argentina, tem batido, tem atacado muito a imprensa, tem atacado os jornais, apontou Marcelo Rech. “Isso é extremamente preocupante, que contraria a própria mensagem do Papa. Então, a preocupação é agravada”.

Inteligência artificial

Na avaliação de Marcelo Rech, o grande tema de fundo do Congresso, foi a inteligência artificial, “porque é uma coisa de dualidade, ao mesmo tempo que ela abre o universo de oportunidades, de ganhos de eficiência, de produtividade, de precisão, até esse ponto jornalista, ela também ameaça a atividade, como tantas outras”.
Direitos autorais
Para o Presidente-Executivo da ANJ, “uma das principais preocupações, mais que a mídia digital, é inteligência artificial. É um conjunto, do Google Search, da busca. Nós estamos sentados conversando, ouvindo, tentando chegar a um denominador comum, mas de uma forma geral nós entendemos que tem que haver uma regulamentação sobre os direitos autorais”.

Posição de Deputados e Senadores

Questionado sobre o que vem fazendo o Congresso Nacional sobre a proteção do conteúdo intelectual, Marcelo Rech disse que “o Senado aprovou, em dezembro, e agora está na Câmara, a lei o marco legal brasileiro de Inteligência Artificial, que faz um reconhecimento autorais de jornalistas, de criadores de conteúdo intelectual, artistas, fotógrafos, pintores, músicos, compositores”.

Dúvidas quanto ao controle

“A grande dúvida é como vai ser implementado, como é que vai ser controlado, como é que vai ser fiscalizado, como é que vai ser colocado em prática, no momento que a Câmara vier aprovar isso”, acentua Marcelo Rech. “A gente espera que a Câmara aprove e o presidente sancione a lei brasileira, o marco brasileiro para a inteligência artificial, que é muito amplo, com respeito ao direito autoral e apenas um dos elementos”.

Edgar Lisboa é jornalista, Editor do Portal Repórter Brasília e colunista político do Jornal do Comércio do Rio Grande do Sul

[email protected]

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